Publisher's Synopsis
O futebol jogado no passado era um espetáculo a ser apreciado com avidez. Eram os tempos do futebol arte, dos dribles desconcertantes, das grandes defesas, do empenho dos jogadores e do amor pelos seus times. A camisa que envergavam era um manto sagrado, e a equipe era defendida com muito amor e suor. Uma partida de futebol era jogada à exaustão, sem abrir mão de sua beleza visual.
No livro Os Grandes Craques que vi jogar - nos estádios e campos de futebol de Itabuna e Canavieiras, o autor narra, em crônicas, os artistas e seus espetáculos, as equipes amadoras de Itabuna e Canavieiras, no sul da Bahia. Eram craques natos, que não passaram por escolas de futebol, e em times que não dispunham de recursos científicos nos treinamentos, sequer técnicos estrategistas dos grandes centros futebolísticos.
O foco do autor é, também, mostrar as condições adversas em que esses craques atuavam, disputando partidas em estádios e campos malcuidados, e mesmo assim promoviam espetáculos de encher os olhos dos torcedores. Não bastassem as dificuldades de ordem física, as malandragens dos dirigentes dos times manipulavam contratos de gaveta e os das federações condições para fabricar contratos.
Porém o foco principal e mostrar a trajetória de cada um desses craques, como iniciaram e foram descobertos nos campinhos de baba (pelada) e seguiram carreira amadora, muitos deles chegando ao profissionalismo. E o espetáculo rolava solto aos domingos no velho campo da Desportiva, em Itabuna, para a satisfação dos torcedores que enchiam o estádio para torcer pelos seus times.
E a paixão pelo futebol era tamanha que em Itabuna surgiu o primeiro Colégio de Futebol Grapiúna, criada pelo vascaíno Demosthnes Propício de Carvalho, cirurgião dentista que influenciou na formação de caráter e na arte de jogar futebol dos futuros craques. Dessa escolinha saíram grandes jogadores amadores e profissionais, a exemplo de Perivaldo, que atuou em grandes clubes e até na Seleção Brasileira.
Algumas crônicas são dedicadas a fatos pitoresco do futebol do interior, como o dia em que o Botafogo itabunense entrou em campo no segundo tempo sem o goleiro Romualdo Cunha, que ficou no vestiário tirando um cochilo. Somente após 15 minutos sua ausência é notada por um torcedor. Esse era o mesmo Botafogo dos meios campistas Pedrinha e Mundeco, considerados superiores a Pelé e Coutinho, quando o assunto era a tabelinha.
Ao folear as páginas, o leitor vai se deliciar com as histórias das concentrações da Seleção Amadora de Itabuna, hexacampeão baiana consecutiva, em que os jogadores aprontavam às escondidas do técnico e dirigentes. Cobrados, se superavam em campo ganhando as partidas contra os maiores rivais, para a alegria dos torcedores e o perdão tácito das peraltices anteriormente cometidas.
Em outras crônicas o leitor conhecerá dois dos grandes craques que se formaram em Canavieiras, no sul da Bahia: Bené (Canavieira, sem o s final) e Boinha Cavaquinho, que jogaram um futebol de gente grande. Canavieira passou pelo Botafogo Carioca nos tempos de Garricha, Didi, Nílton Santos e todo aquele time de cobras; o Internacional, Cerro do Uruguai, Bahia, CRB, além de equipes dos Estados Unidos.
Já o seu colega Boinha Cavaquinho, centroavante goleador, jogava nas 11 posições e tanto fazia atuar do gol à ponta-esquerda. Não quis se profissionalizar, apesar dos muitos convites que recebeu. Com certeza, o leitor identificará nas histórias de cada um desses craques com os que ele conheceu nos inúmeros times de futebol pelo Brasil afora. História de vencedores.
Por certo o leitor conhecerá histórias curiosas sobre goleiros e atletas que chegam a clubes como uma promessa, a bomba salvadora, a exemplo de Bolete no Itabuna Esporte Clube. Ele calçava chuteiras 39 e estreou com duas de número 38, ambas para o pé esquerdo. Uma lástima. E mais, o mesmo Itabuna juveni