Publisher's Synopsis
Da antiguidade clássica do mundo ideal de Platão (2012) até o sujeito virtual Pós-Moderno tão criticado por Bauman (2007), a noção do que é realidade mudou, assim como o humano que a experiencia. A presente pesquisa visa discutir teoricamente as diversas concepções sobre a realidade ao longo da História da Psicologia Moderna, bem como sua base filosófica. Tal reflexão se faz necessária por permitir a compreensão da relação do humano contemporâneo com a virtualidade, que também o constitui; assim como a sua diferenciação da realidade através do "eu". A Antiguidade Clássica trouxe os primeiros registros de mudanças significativas à forma como a humanidade enxergava o mundo ao seu redor. Durante o Renascimento, o humano passou a ter uma nova visão sobre si mesmo, enxergando-se como criador ante a natureza e passando a buscar uma abordagem empírica da ciência, assim como uma descrição matemática da realidade. Em Assim falou Zaratustra, Nietzsche (2014) explicou os passos através dos quais o ser humano pode se tornar um "além-homem" (homos superior), através do processo contínuo de superação. Freud (2012) introduziu a ideia de uma diferenciação funcional a partir do eu como uma forma de adaptação à realidade, onde a renúncia à onipotência infantil e ao delírio de grandeza, característico do narcisismo infantil, possibilitaria o surgimento de um outro ideal e, por consequência, um eu ideal. Segundo Bauman (2007), o ser humano viveria uma constante incerteza a respeito de si mesmo e de sua existência, o que causaria medo, levando-o a sonhar com um mundo regular, previsível, seguro, ideal, utópico. Lévy (1996) traz uma visão sobre a noção de realidade no séc. XXI onde o virtual é inegavelmente real. A análise leva a uma nova perspectiva sobre a virtualidade, enxergando-a como uma realização do ideal utópico que esteve presente desde o cerne da subjetividade humana: seria, afinal, o homem virtual o tal do Übermensch?